MEMORIAS E GUARDADOS DE UM FILEIRO DA ANTIGA
Aqui, voce terá a oportinidade de conhecer o arquivo de uma pessoa que marcou uma época na cinofilia brasileira,sem nada entender ou conhecer de raças de cachorros, exposições, padrões ou regulamentos de criação. Ele surgiu para salvar a raça Fila Brasileiro do maior atentado que ela já sofreu em toda a sua história: a mestiçagem.
Refiro-me a Francisco Peltier de Queiroz, que conheci em 1975, quando eu era redator-chefe da revista Animais e Veterinária. Chico me foi apresentado por Paulo Salles de Oliveira, dono da revista, que mostrou o autor e seus escritos, algo que me reavivou a atenção para a gravidade dos fatos,já anunciados ou denunciados por Cesar Mesquita, no artigo A Hora do Fila, publicado no número 8 de nossa revista. Cesar era o veterinário da minha equipe de treinadores, handlers, tosadores e groomers, pastoreiro de origem, mas que se revoltou contra as mestiçagens, que, a título de melhoria, estavam acontecendo na raça Fila Brasileiro. De imediato encontrei espaço para aquele desconhecido que desejava juntar-se a nós da revista numa causa tão nobre.
Em meio à sual luta e contatos com pessoas de bem que pudessem ajudá-lo, não sei qual foi o anjo ou o santo que o fez telefonar para Paulo Santos Cruz, o verdadeiro patrono da raça, que não só o ouviu, como também tornou-se seu amigo, e logo eu tinha um novo articulista na revista, Paulo Santos Cruz, meu ídolo de adolescente por seus artigos na revista Nossos Cães, em 1950.
Nesse vai-e-vem de opiniões, atitudes e decisões de todos os lados, houve por parte do BKC, que dirigia a cinofila brasileira na época, a idéia de criar-se a Comissão de Aprimoramento do Fila Brasileiro, CAFIB. Por esse mesmo tempo,conversei com meu amigo José Lago Neto, então presidente do Kenel Clube do Estado do Rio de Janeiro, da oportunidade de haver a reintegração de Paulo Santos Cruz ao quadro de árbitros do BKC. Lago Neto levou a idéia a Oscar Miranda Filho, presidente do Conselho de Árbitros do BKC, que de fato reconduziu Paulo ao posto que ele , de livre e espontânea vontade abandonara em 1960, na dissidência que criou a hoje extinta Federação Cinológica do Brasil. Já reintegrado ao BKC, Paulo integrou-se de corpo e alma à CAFIB, e aí começaram de fato as confusões.
A CAFIB começava a cobrar atitudes mais sérias do BKC, e sem sucesso naquilo que achava mais certo para o futuro da raça, desligou-se do BKC, partindo para uma dissidência positiva, faendo suas próprias exposições, realizando análises de fenótipo e temperamentro, emitindo seus próprios pedigrees. Tudo o que o BKC deveria ter feito e não fez. Sem pestanejar, Paulo Santos Cruz acompanhou o pessoal do CAFB, que, fora do BKC deixou de ser Comissão para ser CLUBE DE APRIMORAMENTO DO FILA BRASILEIRO, e estava criado o maior e mais patriótico de todos os movimentos já havidos na cinofilia brasileira e, nesse particular, Francisco Peltier de Queiroz foi a figura maior.
É esse o arquivo que aqui está à disposição de quantos queiram visitá-lo, tirar suas dúvidas e chegar às suas próprias conclusões.
Ao abrir seus arquivos, Chico Peltier, não tem com isso a intenção de combaterou culpar ninguém pelos acopntecimentos de trinta anos atrás. São cartas por ele trocadas com as maiores personalidades da época, direta, indireta ou em nada envolvidas com mestiços e mestiçadores. Até hoje muita coisa já foi escrita, mas quase tudo, opinião pessoal de quem os escreveu. Agora se acham aqui, documentos autênticos que jamais tiveram divulgação daquela verdadeira guerra, que, de certa forma, livrou o Fila Brasileiro da extinção.
Aos amigos do Fila Brasileiro, o acervo histórico de uma época que jáacabou há muito tempo.
Rio de Janeiro(RJ), l6 de outubro de 2008
PAULO ROBERTO GODINHO
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